Perdido estava, não geograficamente, mas mentalmente.
Decidi que seria de bom tom fugir, fugir de todas as minhas obrigações, responsabilidades e preocupações.
Nada é melhor do que ficar em paz consigo mesmo, não é?
Entrei no primeiro navio que encontrei e, como penetra, me escondi dentro das mercadorias e fui embora para sei lá onde.
Estrondos e agitações... pelo menos tinha comida no compartimento onde me alojei. Estava com medo.
Algo aconteceu, um ribombo seguido por um estardalhaço de gritos. O navio havia batido em alguma coisa.
Era hora de evacuar, pensei. Neste ponto, eu já havia conseguido sair do lugar onde me abrigara, mas não sabia exatamente como escapar.
Os marinheiros lançaram botes salva-vidas ao mar.
Sem hesitação, eu pulei em um, remei e tentei fugir dali antes que percebessem que eu não era parte deles.
Remei, remei e remei.
Não encontrei terra, não encontrei chão algum..
À deriva agora estava eu: Um pequeno peixe que nem nadar sabe.
Não sei que horas são, não sei que dia é... Não sei nem mesmo quantas semanas se passaram.
Sinto meu corpo se desfazendo, e, junto com ele, minha mente.
Não sinto mais nada.
Não tenho sequer uma lanterna dos afogados para me guiar.
Que minha alma seja devorada pelas gaivotas que me cercam.
Desculpe-me, pai.
Oh, querida, perdoe-me também…